sexta-feira, 29 de maio de 2009

Pesca ou putaria



Sardinha e Tainha estavam fazendo escova progressiva num salão de cabeleireiro e resolveram conversar sobre seus maridos, que eram amigos de infância e gostavam muito de pescar juntos nos fins de semana.

Então Sardinha falou para Tainha:

- Você acredita que meu marido anda tão esquecido, que esses dias após a pescaria deles, ele foi comprar cenoura e as perdeu antes mesmo de chegar em casa?

- Nossa, isso deve ser estresse!

- Tá estressado, então que vá pescar! Brinca Sardinha.

- Isso é o que eles mais fazem. Responde Tainha dando risadas.

- Você não acha um pouco estranha essa história de nossos maridos saírem para pescar todo fim de semana?

- Acho sim, inclusive estou há um tempão querendo conversar isso contigo - responde Tainha.

- Aé, por quê?

- Certo dia, meu marido chegou em casa morto de cansaço após essa pescaria, logo pensei, ele está me traindo. Então o questionei sobre o que havia ocorrido e você acredita que ele teve a coragem de dizer tudo na minha cara? - diz Tainha aos prantos.

- Sério, o que ele disse?

- Disse que o clima estava animado, que estava super empolgado com o ambiente, daí preparou a minhoca para pegar uma dourada-cadela, que deve seu uma dançarina vagabunda de funk, mas que no fim acabou não conseguindo.

- Que bom né amiga? Pelo menos ele foi honesto ao abrir o jogo, dizendo que teve vontade, mas que acabou não fazendo nada - diz Sardinha.

- É nada, aquele FDP, disse que não pegou a dourada-cadela, porque veio uma traíra e mordeu sua minhoca bem no meio....

- Nossa, estou passada! Fala Sardinha indignada.

- Em seguida comentou de uma tal de arraia.

- Só pode ser a Claudia!

- Infelizmente. Depois disso ainda me contou uma história louca, que uma tal de Dona Corvina, que deve ser a cafetina, tinha tirado o cação dele e por fim teria abotoado pela boca...alguma coisa assim.

- Nossa história louca mesmo...

- Isso se terminasse por aí. Logo em seguida ele disse, todo sorridente, que por causa de uma aposta que fez com seu marido, que ainda teve que comer uma piranha!

- Não acredito e o pior é que meu marido estava junto?

- Não só estava junto, como também participou de toda essa surubina.

- Ah não! Agora sou chifruda?

- Chifruda, mas com cabelo liso! - brinca Tainha.

- Não tente me alegrar em meio a uma tragédia...

- Então tá, já que quer saber eu vou falar. Certo dia, eu estava ouvindo uma conversa deles e seu marido falou que adorava um roque-roque e um chum-chum.

- Nossa, isso só pode ser sinônimo de trepar! Agora que eu arranco aquele olho de peixe morto dele!

- Ainda tem um agravante - diz Tainha.

- Qual é?

- Seu marido, gosta do roque-roque e do chum-chum, mas não é com nenhuma piranha traíra não.

- Aé, é com quem então?

- Ele se comparou a um peixe espada, deve cortar pros dois lados, disse que andou pegando um cará e depois que o forte dele era enguia, que adorava um barbado, pintando, bananinha e um duro-duro!

- Esse cabeça de bagre merece um cascudo!

- Merece mesmo! O pior é que ele fica comparando o tamanho da vara dele com as dos amigos. Eu até o ouvi dando uma desculpa que a vara dele era pequena quando estava guardada, mas que na hora de usar ela esticava rapidinho!

- Além de me chifrar, ainda fica contando mentira pros outros?

- Pois é!

- É por isso que esses dias meu marido me perguntou o que era bom pacú assado!

- O que você disse, Hipoglos? Pergunta Sardinha.

- Não, entendi que isso fosse um prato e orientei que ele comprasse um quilo de batata e um de cenoura e, agora entendo o porquê ele voltou da quitanda dizendo não lembrar onde tinha enfiado as cenouras ...

Doug Baiacuzão
"Piraram a cabeça, pirarucu"

Um comentário:

Rogerio Lima disse...

Cara.... sua capacidade inventiva está melhorando a cada dia... esse texto é fantástico. adorei