sábado, 26 de julho de 2008

O Tabu do Homem

Na vida do homem há um difícil tabu para ser batido, ao qual requer muita concentração e preparo para que não haja seqüelas futuras e, no caso de alguma escorregada, pode ocorrer uma transformação definitiva na vida do mesmo.


Esse tabu não está ligado ao crescimento do primeiro cabelo pubiano, ao fim do incomodo da fimose, à aquisição da carteira de habilitação, à primeira bimbada e, tampouco, com o primeiro chifre levado.


Ele é muito mais desconcertante e temido, pois invade a privacidade, fere o homem por dentro, cutuca a ferida com a unha e mexe com o ego do indivíduo, ou seja, esse tabu é tal exame da próstata.


Normalmente o homem faz esse exame pela primeira vez quando tem aproximadamente 50 anos, portanto, ele fica quase meio século se martirizando com a terrível idéia que outro homem enfiará o dedo em sua história e, o pior, que será um momento inesquecível para ele.


Se será bom ou ruim não há como precisar, mas sem dúvida será inesquecível. Talvez pelo seu fator traumático ou, de repente, pelo fator prazeroso. Cada qual tem seu gosto, seja macho ou Campineiro, devemos sempre respeitar.


Eu mesmo, ao longo de meus 24 aninhos (uii!) estou preocupado com isso, mesmo sabendo que terei que viver o mesmo tempo que já vivi, para então chegar à época do temeroso exame.


Como sou machão por natureza e não gosto de ficar receoso com nada, resolvi bater com o problema de frente - pois homem que é homem não foge da encrenca e o encara.


Na última semana, peguei a caderneta de meu plano de saúde e fui direto ao item Proctologista. Bati o olho na listagem e o primeiro que se destacou eu liguei, marcando uma consulta com Dr. Cagüeta.


Quando cheguei ao consultório do Dr. Cagüeta, minhas pernas tremiam, minha barriga doía e o suor escorria pela testa, eu estava mais nervoso que meu primeiro dia de aula, foi impressionante.


Logo que entrei, o doutor nem perguntou meu nome, foi logo arrancando minhas calças e realizando o tal exame. Disse que era profissional e introduziu seu objeto de trabalho ao seco, de supetão, no meu orifício circular corrugado.


Num determinado momento eu acredito que as duas mãos do doutor estavam sobre meu ombro (como?), até que poucos, porém inacabáveis, minutos se passaram e ele terminou o exame.


Com ar de desprezo, o Dr. Cagüeta mandou eu vestir minha roupa e, limpando a unha com os dentes, pediu para eu me dirigir à recepção. Nesse momento, após ser rejeitado e usado, senti na pele como se eu fosse uma verdadeira rameira e, o pior, daquelas que não são pagas pelo serviço, mas sim que pagam por eles.


Então, não me contive e cai no choro. Quando estava chorando ao lado do bebedouro, passou uma linda e atenciosa mulher que me perguntou o motivo de meu pranto.


Disse a ela, o que havia acontecido, como o insensível Dr. Cagüeta havia tratado e que estava me sentindo uma prostituta. Reforcei dizendo que ele podia ter me oferecido um drinque ou ao menos ter perguntado meu nome, mas não.


Foi aí que a jovial mulher me consolou, dizendo que o Dr. Cagüeta é conhecido na região como

Dedo-Duro, um cara da pior espécie possível. Alertou que ele só quer ver os outros pelas costas, que é brusco e reto, ou brusco no reto...sei lá, alguma coisa assim.


Fiquei mais calmo, mesmo sabendo que aquele anti-romântico não me mandaria bombons no dia seguinte e, assim fui embora pra casa matutando sobre esse memorável acontecimento.


Na volta para casa, não sabia se eu prometia nunca mais retornar a um proctologista ou, para evitar qualquer problema futuro, se prometia marcar exames semana sim e semana não.


Só sei que eu rezei para que o tal exame mude até eu completar 50 anos. Pedi para que acabe com esse incômodo do dedo em nosso íntimo e, para substituir, sugeri pino de boliche, extintor de incêndio, cassetete ou, quiçá, um aparelho exclusivo pra isso, chamado de peniscópio.


De qualquer forma, a quebra desse tabu me fez aprender a importância desse exame e, não foi só isso, assim como ocorre no combate ao Câncer de Mama, aprendi a fazer o auto-exame durante o banho e, agora, tomo de dois a três banhos por dia e fico por mais de uma hora embaixo do chuveiro.


Doug Butão Violado

“Incômodo, mas preciso”


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