segunda-feira, 10 de março de 2008

Parabéns Taty

Era uma vez em um bairro um pouco afastado do centro de São Paulo, no final da década de 70, um belo casal recém matrimoniado.

Como todo novo casal, tudo era motivo de alegria, o café na cama, o jantar a dois, as noites calientes, o novo lar, a nova rotina etc. Até mesmo as pequenas discórdias do dia-a-dia eram facilmente superadas. Os atrasos nos horários eram facilmente compreendidos, as frustrações e o "stress" no trabalho eram praticamente esquecidos quando ficavam juntos.

Em um lado do casal estava a moça, falante, vaidosa, charmosa e admiradora de artes. Inclusive foi nessa época que despertou nessa moçoila a agilidade em pinturas e artes em geral.

Do outro lado, ou melhor dizendo, ao seu lado, estava o jovem rapaz, grande trabalhador, forte, seguro de seus objetivos, aprendiz dos ensinamentos do exército, tinha como hobby predileto a criação de pombos correios.

Tudo a mil maravilhas, até que certo dia...

A moça encontra no quintal de sua residência um objeto estranho, de forma ovalada, de forte odor e sem definições. Logo veio o pensamento: “Deve ser algum produto ou talvez o esterco da criação de pombos do meu amor.” Deixou o assunto de lado, pois fazer uma crítica naquele momento, poderia estragar com o relacionamento, então continuou sua rotina toda serelepe e saltitante.

No mesmo dia, o rapaz passou pelo mesmo objeto horrendo e tendo as mesmas sensações, pensou: “Deve ser uma das obras de minha esposa”. Como o jovem rapaz era provido de uma educação invejável, achou melhor não questionar, já que qualquer opinião a esse respeito poderia não soar bem.

Porém, esse objeto redondo, foi se arredondando mais, o odor que já tinha começado a ficar insuportável e a feiúra do objeto se multiplicava a cada dia, levando em fim ao casal uma conversa sobre o assunto.

Após discutirem e exporem as imaginações sobre o objeto, chegaram a conclusão que seria mais fácil identificar o que se tratava, pois afinal de contas, não pertencia a nenhum dos dois.

Para mostrar toda valentia, o rapaz se dirigiu ao local, primeiramente chuchando com o cabo da vassoura, depois jogando sal, pois poderia ser uma lesma gigante e logo derreteria. Como não deu certo, resolveu jogar uma gasolina azul de seu opala e riscar um fósforo e, nesse momento, eis que surge o primeiro dos vários surtos incompreensíveis da jovem moça, dizendo:

- Calma chuchu...Se esse objeto está crescendo e está no meu quintal, quer dizer que está vivo e que é meu!

- O quê? Pergunta o homem assustado.

- É uma vida que está aí, não devemos sacrificá-la!

- Mas nada que é vivo cheira tão mal.

- Não importa, é meu e ponto final. Diz a moça emocionada.

O jovem rapaz apesar de discordar, acaba aceitando a idéia apenas para não causar atrito no relacionamento.

- Como criaremos esse ser? Pergunta o rapaz assustado.

- Sei lá, vamos prender na gaiola, devia estar voando e caiu em nosso quintal.

Depois de alguns dias preso na gaiola, a moça percebe que não era essa a função daquele ser e indaga:

- Será um porquinho da Índia que fugira de algum vizinho?

- Pouco provável, mas de qualquer forma colocaremos uma coleira para não fugir novamente - Fala o rapaz.

Depois de mais alguns dias, o fato ficou muito aborrecedor e o homem não agüentou, dizendo irritado:

- Essa porcaria, realmente caiu do céu, deve ser uma criptonita, um óvni ou um feto de algum mamute de marte! Vamos doar essa porr... para algum centro de pesquisa, para algum zoológico, para o Instituto Butantã, enfim vamos nos desfazer disso, nem que tenha que jogar no rio Pinheiros, vai que um dia essa merd... explode ficaremos todos embostiados.

Toda paciente a moça diz:

- Calma chuchu, já sei!

- Qual é o surto dessa vez?

- Vamos criar igual a um ser humano, com o passar do tempo saberemos o que realmente é!

- A não, isso já é demais! Diz o homem indignado. Como faremos isso?

- Colocaremos um óculos fundo de garrafa aqui, uma botina ortopédica aqui, um banho, um talquinho e tá feito.

- A não, eu tô fora! Diz o homem.

A mulher mesmo discordada começa a criar aquele ser, com passeios no parquinho a frente do Inocoop, com visita ao clube AABB, com direito a subir no foguete e descer em seu escorregador, com brincadeiras no cavalinho e até mesmo na biblioteca do bondinho, esse objeto era levado.

Até que um dia, em mais um surto a moça resolve dar um nome:

- Seu nome será TATIANA DE OLIVEIRA REBELLO, seu apelido será TATY. Será a coisa mais bela desse mundo, por dentro e por fora. Terá um grande coração, incapaz de qualquer maldade, a melhor amiga de seus amigos, uma amiga do k7!

E não é que a moça surtante tinha razão!?

Parabéns pelo seu dia!

"Te amo você".

Sucesso!

Da esquerda p/ direita: Douglas

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